quinta-feira, 10 de abril de 2008

A traço vermelho

O poeta é um abstrator de quinta-essências líricas.

É um sujeito que sabe desentranhar a poesia que há escondida nas coisas,

nas palavras,

nos gritos,

nos sonhos.


A poesia que há em tudo,

porque a poesia é o éter em que tudo mergulha,

e que tudo penetra.


Ela jaz sepultada entre minérios,

notícias de jornal,

receitas de doces,

página e meia de excelente prosa...



O poeta não tira de si a poesia,

dos seus sentimentos,

dos seus sonhos,

das suas experiências.


Ele é advertido da presença do poema.

Encontra a imagem insólita,

o encontro encantatório dos vocábulos.

Sabe ver

(como se destacado a traço vermelho)

entre a lã grosseira,

aquilo que fia mais fino.