terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

17 de fevereiro

Vê no alto do morro

aquele tronco seco?

Ele corta o vento

que assobia toda memória do lugar.


É apenas ar,

mas é que o movimento

permite cantar o tempo

e transportar histórias.


Então vê

no alto do morro

aquele tronco seco...

vê as pedras, os medos

que cortam o vento

e sussurram sílabas e sibilas,

além das memórias de morte e de vida.

Vê o vento no rio

cuspir empolgado a saliva.


Ele é apenas ar,

mas é que o movimento

permite contar o tempo.

2 comentários:

jordana disse...

caraaaaaaaaaaaaai =O


TA ENTRE MEUS PREFERIDOS..

acabrunhado e so,feito um galho seco

Rodrigo Cardoso de Morais disse...

Olá Rodrigo,

também adorei seus poemas, e também não digeri ainda para falar
especificamente, mas, de primeiro golpe, acredito que é seu traço
metapoético que traz tanta força - nos dois poemas -, parecendo dizer
ao leitor que se ele não vê algo que o poeta vê, não é por falta de
olhos, mas por ter perdido o contato real com o mundo - tem muito
disso na obra greimasiana "De l'Imperfección", caso você se interesse.
Greimas opõe ali a "cotidianeidade" à "estesia", é bem legal.
Isso que me pareceu um traço metapoético está na negação daquilo que
você antevê que o leitor pensará - que é a colunal dorsal do primeiro
poema, dada a reiteração:

É apenas ar, (que é o pensamento do leitor)
mas é que o movimento (que anuncia ao leitor para que serve o fazer poético)

Assim também, no segundo poema, o poeta parece explicar o que é o
"ruído", como se explicasse ao enunciatário que ele tem visto as
coisas de modo menos abrangente do que é dado ver ao poeta.

Depois, com calma, também te falo mais especificamente sobre cada um -
e quanto a seus comentários, serão grandemente bem-vindos. Acho que é
bom demais trocar umas figurinhas.

Beijão,

Paula Martins.