Vê no alto do morro
aquele tronco seco?
Ele corta o vento
que assobia toda memória do lugar.
É apenas ar,
mas é que o movimento
permite cantar o tempo
e transportar histórias.
Então vê
no alto do morro
aquele tronco seco...
vê as pedras, os medos
que cortam o vento
e sussurram sílabas e sibilas,
além das memórias de morte e de vida.
Vê o vento no rio
cuspir empolgado a saliva.
Ele é apenas ar,
mas é que o movimento
permite contar o tempo.
2 comentários:
caraaaaaaaaaaaaai =O
TA ENTRE MEUS PREFERIDOS..
acabrunhado e so,feito um galho seco
Olá Rodrigo,
também adorei seus poemas, e também não digeri ainda para falar
especificamente, mas, de primeiro golpe, acredito que é seu traço
metapoético que traz tanta força - nos dois poemas -, parecendo dizer
ao leitor que se ele não vê algo que o poeta vê, não é por falta de
olhos, mas por ter perdido o contato real com o mundo - tem muito
disso na obra greimasiana "De l'Imperfección", caso você se interesse.
Greimas opõe ali a "cotidianeidade" à "estesia", é bem legal.
Isso que me pareceu um traço metapoético está na negação daquilo que
você antevê que o leitor pensará - que é a colunal dorsal do primeiro
poema, dada a reiteração:
É apenas ar, (que é o pensamento do leitor)
mas é que o movimento (que anuncia ao leitor para que serve o fazer poético)
Assim também, no segundo poema, o poeta parece explicar o que é o
"ruído", como se explicasse ao enunciatário que ele tem visto as
coisas de modo menos abrangente do que é dado ver ao poeta.
Depois, com calma, também te falo mais especificamente sobre cada um -
e quanto a seus comentários, serão grandemente bem-vindos. Acho que é
bom demais trocar umas figurinhas.
Beijão,
Paula Martins.
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