Os companheiros não disseram que havia uma guerra
e era preciso trazer fogo e alimento.
Depois não avisaram que ela havia terminado
e ficamos todos aqui, suspensos...
Agora buscamos por muletas
que amparem membros que não foram amputados.
A falência múltipla dos órgãos
não pode ser medicada e as bombas ainda vibram o ar
trazendo lembranças de tudo que ainda vivemos.
Ali mesmo acontece o banquete
mas nós morremos aos poucos,
por inanição, sedentos, infartados
pelo êxtase da comemoração alheia.
Admiramos as formas retas, sem expressão
que simbolizam o controle e a calma
daqueles que seguem explodindo por dentro
gozando os espólios conquistados a custo nenhum.
É tempo de homens vazios,
de homens e corações vazios.
É o tempo do Lá, do atrás daquilo...
Os maus poemas continuam por aí
e eu não me assustaria se esse fosse outro...
É preciso desconfiar de tudo
da fé cega, do pé atrás.
É preciso suspeitar do tempo.
É preciso esquecer da estória.
É preciso aquecer o conhaque.
É preciso não se comover,
esquecer o que diziam os poetas
nesses tempos de se estar
somente.
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