quinta-feira, 30 de abril de 2009

Insônia

(Para Tom Adamenas)

O corpo se perde em si mesmo,

passo-a-passo ele caminha,

quadro-a-quadro ele se move,

e os olhos colados no relógio-de-parede

contêm a extensão do dia seguinte.


Tudo se aglutina no antigo ruido

e escorre fazendo corpo com o meu.

Somos todos o mesmo sono.



Os ponteiros não param de estalar,

eles trazem o mau presságio

do fim dos tempos

que fogem do relógio.


De repente tudo é tempo.

Tudo é Nada. Nada pode ser contido.

Onde está o velho sentido?

Da fusão surgimos novos,

mas agora somos um,

o mesmo tempo ido e findo,

também o mesmo que se mantém,

o que se passara, passa e passará.


O escuro é muito grande

e dura tanto quanto o tempo.

Ele permanece sendo

cada vez mais breu

fazendo corpo com o meu.


Somos todos o mesmo sono.